domingo, 22 de agosto de 2010

Portas fechadas, janelas abertas


O único risco de dar a cara a tapa é justamente levar o tapa. Ninguém nunca espera receber, mas as vezes recebe e quando acontece dói, mesmo que seja só um pouquinho sempre dói. Ouvir não faz parte da vida, graças a Deus por isso!
Nessas horas o ditado "Deus não fecha um porta sem antes abrir uma janela" persegue qualquer um. É super clichê ouvir ou dizer essas coisas, eu sei, mas é a mas pura verdade. A vitória é resultado de longas caminhadas, muito esforço, dores de cabeça, suor; quando ela [a vitória] chega todas a lágrimas valeram a pena, toda dor de cabeça foi insignificante e o suor é motivo de orgulho.
Quero caminhar sem pressa, mas dando passos firmes. Quero honrar cada lágrima, cada gota de suor. Perder não é ser menor na vida, persistir é uma virtude, dar a volta por cima e seguir sorrindo é uma virtude. Chore, mas não chore pouco não, chore muito. Bote para fora de uma vez só tudo o que te aflige, berre com a cara enfiada num travesseiro o mais alto que puder. Não prenda. Depois faça o mais importante: vá ao banheiro lave o rosto, se olhe no espelho, ria de si mesmo e siga sua caminhada, afinal, quem sempre quer vitória perde a glória de chorar.
Não se entregue, lembre que o melhor de Deus para sua vida está por vir. Aproveite a janela que ele abriu para receber o vento no rosto, isso é refrigério.

sábado, 21 de agosto de 2010

Falando de nuvens

 
 
Deitar no chão de barriga pro ar e olhar para o céu, contar figuras que as vezes só você vê. Nessa brincadeira, o vento é o escultor, aguçando nossa imaginação para melhor visualizar as formas que ele faz e desfaz num piscar de olhos.
Em conversa de nuvem e vento a gente tem de ser rápido, se não perde o fio da meada, num momento está bem ali diante de nossos olhos, no outro já não está mais... Puf! Simples assim. As vezes elas estão lá, branquinhas como algodão, dando um pouco mais de vida ao azul do céu. Outras vezes parecem bravas e sisudas, cinzentas, pesadas prontas para descarregar tudo de uma só vez no primeiro ventinho que der.
Custei a acreditar que fossem feitas de água. Por um tempo pensei que seriam apenas as mães da chuva que chega aqui em baixo. Uma vez sonhei que pulava de nuvem em nuvem, igual aos ursinhos carinhosos, coisa de criança mesmo. Acordei com uma sensação de frio na barriga, daqueles que a gente sente na montanha russa, foi ruim, mas foi bom também. Outro dia, não faz muito tempo, ouvi uma música na igreja que falava que Deus mora dentro da gente e não nos templos ou capelas por aí, o refrão me lembrou o tal sonho.
[...]Incomparável Senhor tu és, tua voz ressoa como um trovão, e as nuvens são o pó dos teus pés[...]
Foi isso então. O frio na barriga veio por que eu estava pertinho Dele, ou melhor, dos pés Dele. Imaginei como seria a sensação de estar mais próxima ainda. Deve ser incrível! Por enquanto que eu não sonho de novo, eu olho da janela e vejo os desenhos que só eu entendo. É quando Deus brinca comigo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Somos reféns do tempo

   
 
 
   Lá se vai mais um ano... E o que a gente vai carregar dele pro resto de nossas vidas? Nessa hora todo tipo de experiência conta, sejam boas ou ruins, o que vale mesmo é o crescimento. Estreitei meu relacionamento com muitas pessoas, de certa forma... A internet ajudou bastante.
No fim das contas o tempo fará o resto. Temos uma mania infeliz de querer adiantar as coisas. Defeito de muita gente, meu inclusive. No fim das contas o tempo cuida em fazer as coisas acontecerem. Quanto a nós, só resta esperar... Condiçãozinha infeliz essa. Pior que receber um não é um espere.
Esse ano permita que o tempo te diga o que fazer. E lembre-se o pior lugar para esperar é na frente do relógio, o leite não ferve quando a gente fica de olho.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Toque

 

 
 
 
Adornou-se naquela noite como nunca fizera antes. Não o conhecia bem, não sabia quase nada a seu respeito, apenas a lembrança de um sorriso franco e ligeiramente interessado, não apaixonado. Ele a desejava. Isso era o que sabia. Perfume suave sobre a pele um vestido leve, não vulgar; sandálias sem salto, não queria estar provocante, apenas ela; pouca maquiagem, um batom para hidratar os lábios da cor da pele mesmo.
Olhou-a de forma simples mas não desinteressada. Estava linda, sem extravagâncias não precisava disso o simples fato de existir já lhe era suficiente. Respirou fundo e inalou o aroma doce de seu perfume. Imediatamente sentiu a pele arrepiar-se no braço esquerdo. Cumprimentou-a com um abraço que lhe permitiu sentir o aroma de seus cabelos. Canela. A informação olfativa casava perfeitamente com a cor de sua pele. "Canela"repetiu baixinho enquanto se afastava.
Conversaram trivialidades do dia a dia, falaram de amores antigos, falaram da família, falaram dos amigos, falaram dos tempos de escola, falaram do clima, falaram da risada um do outro, falara das cicatrizes de infância, falaram dos sonhos, falaram do trabalho, enfim falaram de tudo mas não saíram do carro. Então silêncio. Ele olhou para frente respirou fundo outra vez e sentiu dissipado o cheiro de sua pele, ou seria seu cabelo? Canela. Voltou-se para ela.
Tinha medo, medo do que sentia, medo do que aconteceria. Sentiu o calor das mãos dele envolvendo as suas. Eram grandes, ásperas, fortes... Hesitou por um breve instante. Enfim tocaram-se. Sentiu a mão dele deslizando sobre o seu abraço; sentiu um toque suave em sua face, fechou os olhos e ele percebeu que ela estava entregue. Com a mesma leveza sua mão desceu a cintura dela. Seus olhos se abriram. A troca foi profunda. Ela pedia. Ele clamava.
Ele estava febril, os braços envolviam a sua cintura estavam a centímetros um do outro. Ele admirou seus lábios carnudos, voltou aos olhos castanhos profundos. Ela Clamava. Ele urrava. Ela sentiu o fulgor dos desejos dele e hesitou outra vez. "Acalme-se homem!" disse a si mesmo. Ele viu o rosto dela corar, pediu desculpas e elogiou o perfume que ela usava, ou seria o shampoo? Ela agradeceu e de repente se deu conta de que estava sendo cortejada. Levou as mãos aos cabelos dele, pendeu entre os dedos e puxou-o para si, agarrando-lhe a nuca, enquanto ele a envolvia em seus braços febris.
Ele a beijou no pescoço. Ela sussurrava de prazer, sentia a barba por fazer rasgado-lhe a pele delicada do colo. Ele afastou uma mexa de cabelo solta que cobria aqueles olhos amendoados e a beijou com uma urgência de quem jamais veria o amor de sua vida outra vez. Sentir seus lábios grossos e macios era como morder uma romã madura. Envolveu-a em seus braços e pediu em silêncio que jamais o deixasse, ela o amava em silêncio.
Ele a deixou em casa. Abraçaram-se. Ela beijou-lhe a testa e partiu