quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Enxergar

A gente olha tudo nessa vida. A maior parte das informações que absorvemos é culpa dos olhos. Sentada no banco da pracinha reparo nas crianças que correm de um lado para o outro, gargalhando e soltando mil gritinhos estridentes. A mamãe os observa de longe, também sentada, procura garantir que os pequenos não dão trela para estranhos. Vejo ele chegar. Sorriso largo no rosto ao perceber que eu o aguardava. Me dá um beijo senta ao meu lado e puxa conversa. Encontros são quase sempre assim.
Ver é muito simples, muito fácil, muito sutil, muito prático, como alguns costumam dizer: é Pei Buf! ou Vapt Vupt! Qualquer um pode ver sem medo. Não precisa de técnica ou teoria, estudos profundos, análises absurdas... Não nada disso. Basta abrir o olho e ver. Pronto. Agora você pode se considerar um observador. Porém, no entanto, todavia, contudo, o que se quer, ou pelo menos deveria se querer era ser um bom observador, melhor ainda "O" bom observador. Ele ou ela não vê. Enxerga.
Este não depende necessariamente do olhar. Assiste televisão e percebe num afago que quem o fez precisa de carinho. Na respiração ofegante percebe a urgência da realização dos desejos serem atendidos. Num perfume desejo de ser notada. Num cantarolar a alegria sendo externada. Os olhos ainda são protagonistas, mas ver não é o mesmo que enxergar. Eu gosto muito de ver, é meu prazer, meu deleite. Mas meu deleite mesmo está em enxergar, isso porque pouca gente o faz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário