sábado, 25 de setembro de 2010

Rotina


 Era um dia como qualquer outro. Acordei, o clima estava meio nublado, senti que ia chover, decidi pegar um casaco fino só por garantia.
Como em todas as manhãs, me arrumei e fui para o trabalho. O trânsito engarrafado, já esperava por isso, por sorte me lembrei dessa vez de levar café e uns biscoitos.
Estava certa, choveu. Uma garoa fina nada muito impressionante. Mas felizmente nesse dia estava esperançosa de que algo novo estava para acontecer.
Finalmente ao chegar ao trabalho, me decepcionei. Nada havia mudado eram as mesmas pessoas de sempre, com as mesmas aparências de sempre, com seus semblantes que demonstravam cansaço.
Ao me direcionar ao meu cubículo estava certa de que ao chegar lá algo iria me surpreender. Decepcionei-me mais uma vez. Nada mudara. Minha pasta estava ao lado do computador, onde havia deixado ontem, tinha uns papeis amassados jogados no lixo, nada de interessante.
Conforme o tempo foi passando comecei a ficar impaciente, olhava o relógio a cada minuto como se esperasse por alguma coisa. Parecia que o tempo congelara. Permiti-me pensar que esse seria mais um dia em que nada de novo iria acontecer. Rapidamente tirei esse pensamento da cabeça e comecei a me questionar. O que aconteceu? eu havia desistido? por que? a onde foi parar a coragem? por que tem que ser todos os dias assim? não agüentava mais viver essa vida medíocre que levava vida essa que era sempre a mesma rotina.
Levantei-me bruscamente, deixei cair o que estava segurando, atraindo olhares na minha direção, devido ao tamanho do choque que o metal fez ao cair no chão, se transformando num barulho tremendo, que se tornou um eco, naquela sala onde só se ouvia o som dos aparelhos.
Sem notar o que havia causado, continuei pensando estava com raiva, de punhos serrados sobre a mesa e cabeça baixa. Eu estava realmente borbulhando de raiva, raiva de não conseguir mudar. Era isso, esse era o meu desejo, eu não queria nada de mais apenas mudar, dá um sentido à vida. Foi então que eu percebi que todos me encaravam, decidi sair dali, com passos largos e rápidos, quase correndo, já era quase a hora de deixar o trabalho mesmo.
Seus companheiros de trabalho ficaram sem entender a situação, mas não se moveram ninguém teve a coragem de ir atrás dela, perguntar o que havia de errado. Ao invés disso, ficaram ali, parados, se entreolhando.
Quando sai do prédio às pressas, notei que o tempo havia melhorado, já podia ver o sol entre as nuvens.
Ao sair do estacionamento, dei uma freada que senti o cheiro do pneu queimado, eu queria ter a certeza do que estava fazendo. Parei por um instante, tinha que fazer uma escolha ali. Não me surpreendeu muito que eu decidi. Com um largo sorriso, virei em direção oposta ao caminho da minha casa.
Sem pensar direito para onde ir deixei que a estrada me guiasse. Espantei-me ao ver que não tinha nenhum carro, pude aumentar a velocidade. Já sentia a diferença nascer dentro de mim. Abaixei o vidro, queria sentir o vento tocar o meu rosto, bater nos meus cabelos. Nossa que sensação maravilhosa. Meu sorriso aumentara.
Estava eu e meus pensamentos novamente, dessa vez positivo. Eu tinha a certeza no olhar, acreditava que ia ficar tudo bem. Adotei uma nova filosofia na minha vida. Decidi que esse mundo não seria mais meu, não iria me render, não iria desistir. Sem perceber estava falando comigo mesma. Dizia que queria ser feliz, iria fazer o que sempre quis, iria ser eu mesma, iria me encontrar. Estava pronta para guerrear, pronta para conquistar.
Fui até o final da estrada que parava numa praia. Desci do carro, fiquei descalça, queria sentir a areia, as ondas do mar em meus pés.
Eu tinha uma nova vida, sentia a transformação por completo. Percebi que eu não devia ficar esperando por algo acontecer, eu que tinha que dar a iniciativa, eu que deveria buscar por algo. Senti-me satisfeita, assistindo o pôr do sol, estava enfim feliz.

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